Nunca me considerei pessoa de talento para as artes, embora o meu gosto por esse tema me acalentasse o desejo de ter seguido essa via de ensino, na perspectiva de aprender técnica e experiência atribuida aos artistas.
Por razões que não valerá a pena explicar, tal não foi possível.
Em 1967 pedi a alguém que me oferecesse, como prenda, materiais e tintas a óleo para me iniciar na pintura.
Inscrevi-me então numa classe orientada por pintor consagrado no meio mas, desilusão a minha, só participei em duas aulas, já que ao mestre lhe despertavam maior interesse dois borrachinhos que comigo frequentavam a turma e eu, que me fosse entretendo, rabiscando desenho à vista, com crayon, para poder ser avaliado.
É claro, já não frequentei a terceira sessão do mestre.
O bichinho não morreu por esse facto, tanto assim que prometeu várias tentativas, às quais a vida profissional e familiar sempre se foi opondo, mercê da responsabilidade ou de tantas indisponibilidades.
Dizem que sou teimoso e, talvez por essa teimosia, entendi que tinha de experimentar, nem que fosse já depois de reformado.
E assim foi. Volvidos trinta e seis anos, as velhas tintas saltaram da caixa e das bisnagas e puderam então respirar e ver a luz do dia. Foi em Janeiro de 2003, quando consegui obrigar-me a lidar com esta maravilhosa ocupação, com a qual não dou confiança ao stress desta vida agitada que, inevitavelmente, todos somos obrigados a enfrentar.
Cabe aqui um reconhecido agradecimento a quem soube incentivar-me este gosto, orientando e transmitindo conhecimentos que habilitam tecnica e artisticamente. Obrigado professora Dulce Bernardes.

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