Hoje foi um dia diferente.
A contrastar com a melancolia desta chuva persistente e incómoda, ao longo do dia, o momento de felicidade surgiu quando foi anunciado pelos promotores do evento artístico " Engenho & Arte" - 2ª exposição de trabalhos artísticos, visando a promoção e valorização das obras de desenvolvimento de dez concelhos, à cabeça dos quais naturalmente se assumia o de Leiria.
O justo e merecido primeiro prémio, atribuido ao "melhor trabalho artístico de Leiria" foi entregue à nossa querida professora D. Dulce Bernardes, o que é para nós também motivo de grande satisfação e alegria.
Foi quase como se todos nós, os seus formandos, tivéssemos sido também compensados com o atributo, que distinguiu o talento e a arte que igualmente lhe reconhecemos.
Muitos parabéns D. Dulce. Esperamos que este seu "engenho e arte" perdure por muitos e bons anos e que, entretanto, vá tendo forças e paciência para nos aturar.

Pinto pelo prazer que essa ocupação me proporciona.
Todos sentimos uma certa atracção por determinados temas ou motivos e eu também não fujo a essa regra.

Até aqui, quase todos os meus trabalhos têm versado pormenores da nossa cidade, procurando eleger motivos que reproduzam aspectos interessantes da sua história , os quais a acção do tempo pode eventualmente fazer desaparecer, ou até a própria intervenção do progresso pode acabar por destruir.

Procuro assim, de certo modo, contribuir para perpetuar em tela esses mesmos temas.
Em consonância com a intenção referida, aqui vai um dos temas que tanto marcou a vida desta nossa cidade até aos anos 60, "Mercado dos Cereais", na Praça Rodrigues Lobo, onde as gentes dos arredores, com os seus trajes, hábitos e cultura traziam vida e grande animação à cidade, todas as terças e sábados.
Nunca me considerei pessoa de talento para as artes, embora o meu gosto por esse tema me acalentasse o desejo de ter seguido essa via de ensino, na perspectiva de aprender técnica e experiência atribuida aos artistas.
Por razões que não valerá a pena explicar, tal não foi possível.
Em 1967 pedi a alguém que me oferecesse, como prenda, materiais e tintas a óleo para me iniciar na pintura.
Inscrevi-me então numa classe orientada por pintor consagrado no meio mas, desilusão a minha, só participei em duas aulas, já que ao mestre lhe despertavam maior interesse dois borrachinhos que comigo frequentavam a turma e eu, que me fosse entretendo, rabiscando desenho à vista, com crayon, para poder ser avaliado.
É claro, já não frequentei a terceira sessão do mestre.
O bichinho não morreu por esse facto, tanto assim que prometeu várias tentativas, às quais a vida profissional e familiar sempre se foi opondo, mercê da responsabilidade ou de tantas indisponibilidades.
Dizem que sou teimoso e, talvez por essa teimosia, entendi que tinha de experimentar, nem que fosse já depois de reformado.
E assim foi. Volvidos trinta e seis anos, as velhas tintas saltaram da caixa e das bisnagas e puderam então respirar e ver a luz do dia. Foi em Janeiro de 2003, quando consegui obrigar-me a lidar com esta maravilhosa ocupação, com a qual não dou confiança ao stress desta vida agitada que, inevitavelmente, todos somos obrigados a enfrentar.
Cabe aqui um reconhecido agradecimento a quem soube incentivar-me este gosto, orientando e transmitindo conhecimentos que habilitam tecnica e artisticamente. Obrigado professora Dulce Bernardes.

Ensaio à pintura a óleo sobre tela representando o corpo humano

Quis experimentar, para ver que tal me saía na representação do corpo humano.

Sempre ouvi dizer que não era fácil compor ou acertar com os tons da pele mas, mesmo assim, entendi que a melhor forma de o saber seria tentar.

Quanto a outros temas, já havia algum treino, por isso foi por mãos à obra.

Seleccionada uma variedade apreciável de tons ( sépia, terra de sombra queimada, ocre, amarelo cádmio, vermelho francês e branco titânio), entre outros, para reforço de alguns efeitos/tonalidades, procurei inspiração no modelo a reproduzir. Claro está que a melhor opção deveria ser o de um belo corpo feminino.


Foi o que fiz e, perdoem-me a imodéstia, gostei do meu trabalho. Ele aí está!

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